terça-feira, 23 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
AGOSTINHO GODINHO
terça-feira, 29 de julho de 2008
ARTUR LOURO BRANCO
Sobre a sua Obra: Ana Santiago. António Carreira, Armando Rebelo e Paulo Araújo BRANCO, Artur Louro. Nasceu em Amiais de Cima (Santarém), no dia 2 de Dezembro de 1962, onde reside e mantém atelier. Desde muito jovem que se sentiu atraído para o Desenho e para a Escultura. Inicia a sua aprendizagem artística em Oficinas de Cantaria, onde toma contacto com os vários tipos de pedra (l 994). Escultor Autodidacta de feição Figurativa. Para o Crítico de Arte Afonso Almeida Brandão, «as Obras de ALB são essencialmente formas escultóricas telúricas representando a Figura, a Ruralidade, os Instrumentos estilizados do Mundo do trabalho Tradicional do nosso País e os Animais. Por esse facto pode ser colocado num lugar à parte da nossa Escultura Contemporânea, dado que procura aprofundar esteticamente e em termos de proposta, quatro temas basilares, com sobriedade e simplicidade. São esculturas que podemos definir como objectos {ou peças) ou como esculturas de praça pública ou de estante, desde que tenham espaço para «viver e respirar». São, acima de tudo, obras de uma grande força interior, expressividade e agressividade, que conseguem comunicar com o mundo etnográfico português e do coleccionismo, em particular. São peças que levam tempo, muito tempo, a serem executadas. Peças que levam horas sem fim na busca e na escolha de pedras, onde o Artista tem de conjugar a cor e a qualidade dos materiais. Só então surgem as macetas, os ponteiros, o diverso tipo de maquinaria, as várias pedras, a imaginação criadora, o Artista e as noites infindáveis. Um Escultor que tem orgulho de dizer "que nunca teve mestres" e que aprende todos os dias o ofício da Arte que abraçou "com dedicação e amor". Obra séria que importará registar, acarinhar e divulgar». Exp. Ind.: (12). Exp. Coloect.: (85). Bienais/Salões: (selecção) Mostra de Artes e Ofícios, Monsanto, Alcanena (1998, 1999, 2000, 2002 e 2003); Feira Nacional da Agricultura, Santarém (2002 e 2003); Festival de Gastronomia, Santarém (2002, 2003, 2004, 2005 e 2006); Mostra de Artes e Ofícios, Amiais • de Baixo, Santarém (2000, 2002 e 2003); Festival Internacional Alviela, Vaqueiros (2006 e 2007). Colecções Particulares: Portugal, Espanha, França, Canadá e EUA. Representado: Instituições Públicas e Privadas. Escreveram. Ver Obras 353
segunda-feira, 28 de julho de 2008
JOAQUIM TIAGO
É UM TRABALHO INVULGAR DE PORMENOR e dedicação
Aquele que Joaquim Tiago mostra na sua banca de feira. Com um olhar curioso os passantes debruçam-se para ver melhor. São cenas do quotidiano, feitas sobretudo em cortiça e madeira mas também em lata, com paciência e sentido de observação.
Mostra os engenhos da ceifa do trigo com uma debulhadora antiga, dos tempos em que eram ainda a carvão, ao lado dos modelos mais modernos, retratos do quotidiano alentejano e das suas profissões, que busca e actualiza em cada uma das suas peças. Ao lado, perfiladas, estão as miniaturas de diversas oficinas onde se mostra com verosimilhança os mestres e seus locais de trabalho,com toda a panóplia de instrumentos: o queijeiro, o albardeiro, o ferrador, o fotografo, o barbeiro, e também os locais de lazer e convívio, como a taberna e a adega e ate uma maternidade. Cenários e actos dos ofícios testemunhados por Joaquim Tiago: «Eu não faço isto de qualquer maneira, fui mesmo lá ao sítio ver tudo para não me enganar. Depois construi tudo assim como se vê».A verdade de cada detalhe corresponde a procura da forma certa de fazer, onde nada parece ao acaso, nem mesmo as proporções: «Respeito as coisas, respeito o seu tamanho e por isso e que não faço os homens maiores que os burros». Mas da tudo muito trabalho, como diz, e preciso estar sempre a procura de novas soluções. «E por isso que quando vem ai alguém a pensar que me compra as coisas baratas eu tenho que lhe explicar tudo». Primeiro põe um pequeno motor eléctrico a trabalhar e, com magias por si inventadas, todas as maquinas movimentam, mexem-se as pessoas e acendem-se luzes. Faz então um grande sorriso de quem gosta de mostrar para criar espanto, para fazer parar. Depois apaga tudo na espera de outro momento igual e confessa: «Sabe, e assim, eu gosto mais de mostrar do que vender.
Aquele que Joaquim Tiago mostra na sua banca de feira. Com um olhar curioso os passantes debruçam-se para ver melhor. São cenas do quotidiano, feitas sobretudo em cortiça e madeira mas também em lata, com paciência e sentido de observação.
Mostra os engenhos da ceifa do trigo com uma debulhadora antiga, dos tempos em que eram ainda a carvão, ao lado dos modelos mais modernos, retratos do quotidiano alentejano e das suas profissões, que busca e actualiza em cada uma das suas peças. Ao lado, perfiladas, estão as miniaturas de diversas oficinas onde se mostra com verosimilhança os mestres e seus locais de trabalho,com toda a panóplia de instrumentos: o queijeiro, o albardeiro, o ferrador, o fotografo, o barbeiro, e também os locais de lazer e convívio, como a taberna e a adega e ate uma maternidade. Cenários e actos dos ofícios testemunhados por Joaquim Tiago: «Eu não faço isto de qualquer maneira, fui mesmo lá ao sítio ver tudo para não me enganar. Depois construi tudo assim como se vê».A verdade de cada detalhe corresponde a procura da forma certa de fazer, onde nada parece ao acaso, nem mesmo as proporções: «Respeito as coisas, respeito o seu tamanho e por isso e que não faço os homens maiores que os burros». Mas da tudo muito trabalho, como diz, e preciso estar sempre a procura de novas soluções. «E por isso que quando vem ai alguém a pensar que me compra as coisas baratas eu tenho que lhe explicar tudo». Primeiro põe um pequeno motor eléctrico a trabalhar e, com magias por si inventadas, todas as maquinas movimentam, mexem-se as pessoas e acendem-se luzes. Faz então um grande sorriso de quem gosta de mostrar para criar espanto, para fazer parar. Depois apaga tudo na espera de outro momento igual e confessa: «Sabe, e assim, eu gosto mais de mostrar do que vender.
domingo, 27 de julho de 2008
VINHAIS -- ESCULTURA EM MADEIRA
Um ranger da madeira seca inicia a conversa com Ouzilhão, em Vinhais. As mascaras em madeira enchem as paredes da pequena sala com os seus olhares fabulosos e formas estranhas da tradição pagã. Atrás da bancada de carpinteiro o transmontano vai dando balanço com o pé torneando uma peca. Sempre a trabalhar. so levanta os olhos por segundos: «Foi desde miúdo toda a vida nisto» conta, «Chego a estar aqui ate a uma da manha. As mascaras tem de ser feitas ao lume com um ferro para as marcar e desenhar. É demorado: pega-se num bocado de carvalho ou de outra madeira boa que se escolhe já com uma forma parecida, e depois corta-se e vai-se dando a forma ate sair...».
No topo das mascaras, as figuras da raposa, do veado ou morcego «Se as mascaras fossem coladas não tinham valor, isto tem de ser de uma só peça esculpida na madeira. Olha de novo para cima, agora para as suas obras mais exóticas as que não vende, e mantém preparadas para a festa.
No topo das mascaras, as figuras da raposa, do veado ou morcego «Se as mascaras fossem coladas não tinham valor, isto tem de ser de uma só peça esculpida na madeira. Olha de novo para cima, agora para as suas obras mais exóticas as que não vende, e mantém preparadas para a festa.
testo de Luisa Schmidt(arte factos 5)
O pau e a pedra
Este e o ultimo caderno da série artefactos, o que não quer dizer que o tema esteja esgotado — nem em artistas nem em objectos. Hoje tratamos do pau e da pedra— algo já bem conhecido desde a pré-historia e de que nos ficaram alguns dos mais antigos «artefactos» que a humanidade recorda.
No que respeita a madeira, por todo o pais se encontram marceneiros e artesãos a trabalha-la — desde o grande móvel ate ao pequeno brinquedo. 0 que falta, mais do que trabalhadores, são as madeiras e isso remete para um problema ambiental importante: as madeiras de crescimento rápido são devoradas para pasta de papel ou sangradas para tintas e vernizes. As outras, as boas, não nascem do pé para a mão e não podem ir todas para o serrote. Importam-se então madeiras tropicais, agravando as dores de cabeça ambientais e os pesos da divida do Terceiro Mundo.
Quanto a pedra, Portugal tem recursos espantosos, mas a sua extracção e também ambientalmente susceptível. Usa-la em pequena escala, (aplicar calçada portuguesa em pequenos pavimentos ou em tampos de mesa, usar blocos de pedra para bases de candeeiros, etc.), produziria, sem grandes desgastes, resultados decorativos surpreendentes. Em suma, não faltam ideias nem quem as execute. Falta talvez que os leitores-consumidores descubram como e fácil e muito mais interessante preferir estes «artefactos» a monotonia de objectos anónimos que o grande comércio internacional nos põe nas mãos e nas casas.
Estes nove «artefactos» e os seus cinco cardernos, não são evidentemente a única selecção possível. Ao longo desta experiencia estimulante, visitamos uma infinidade de oficinas, artífices, artistas e artefactos que também mereceriam destaque nestes cadernos. Cabe ao leitor descobri-los. Uma descoberta que pode tomar muito mais interessante a banalidade por vezes rotineira do mais simples passeio no pais.
Luisa Schmidt
Este e o ultimo caderno da série artefactos, o que não quer dizer que o tema esteja esgotado — nem em artistas nem em objectos. Hoje tratamos do pau e da pedra— algo já bem conhecido desde a pré-historia e de que nos ficaram alguns dos mais antigos «artefactos» que a humanidade recorda.
No que respeita a madeira, por todo o pais se encontram marceneiros e artesãos a trabalha-la — desde o grande móvel ate ao pequeno brinquedo. 0 que falta, mais do que trabalhadores, são as madeiras e isso remete para um problema ambiental importante: as madeiras de crescimento rápido são devoradas para pasta de papel ou sangradas para tintas e vernizes. As outras, as boas, não nascem do pé para a mão e não podem ir todas para o serrote. Importam-se então madeiras tropicais, agravando as dores de cabeça ambientais e os pesos da divida do Terceiro Mundo.
Quanto a pedra, Portugal tem recursos espantosos, mas a sua extracção e também ambientalmente susceptível. Usa-la em pequena escala, (aplicar calçada portuguesa em pequenos pavimentos ou em tampos de mesa, usar blocos de pedra para bases de candeeiros, etc.), produziria, sem grandes desgastes, resultados decorativos surpreendentes. Em suma, não faltam ideias nem quem as execute. Falta talvez que os leitores-consumidores descubram como e fácil e muito mais interessante preferir estes «artefactos» a monotonia de objectos anónimos que o grande comércio internacional nos põe nas mãos e nas casas.
Estes nove «artefactos» e os seus cinco cardernos, não são evidentemente a única selecção possível. Ao longo desta experiencia estimulante, visitamos uma infinidade de oficinas, artífices, artistas e artefactos que também mereceriam destaque nestes cadernos. Cabe ao leitor descobri-los. Uma descoberta que pode tomar muito mais interessante a banalidade por vezes rotineira do mais simples passeio no pais.
Luisa Schmidt
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