domingo, 27 de julho de 2008

testo de Luisa Schmidt(arte factos 5)




O pau e a pedra
Este e o ultimo caderno da série artefactos, o que não quer dizer que o tema esteja esgotado — nem em artistas nem em objectos. Hoje tratamos do pau e da pedra— algo já bem conhecido desde a pré-historia e de que nos ficaram alguns dos mais antigos «artefactos» que a humanidade recorda.
No que respeita a madeira, por todo o pais se encontram marceneiros e artesãos a trabalha-la — desde o grande móvel ate ao pequeno brinquedo. 0 que falta, mais do que trabalhadores, são as madeiras e isso remete para um problema ambiental importante: as madeiras de crescimento rápido são devoradas para pasta de papel ou sangradas para tintas e vernizes. As outras, as boas, não nascem do pé para a mão e não podem ir todas para o serrote. Importam-se então madeiras tropicais, agravando as dores de cabeça ambientais e os pesos da divida do Terceiro Mundo.
Quanto a pedra, Portugal tem recursos espantosos, mas a sua extracção e também ambientalmente susceptível. Usa-la em pequena escala, (aplicar calçada portuguesa em pequenos pavimentos ou em tampos de mesa, usar blocos de pedra para bases de candeeiros, etc.), produziria, sem grandes desgastes, resultados decorativos surpreendentes. Em suma, não faltam ideias nem quem as execute. Falta talvez que os leitores-consumidores descubram como e fácil e muito mais interessante preferir estes «artefactos» a monotonia de objectos anónimos que o grande comércio internacional nos põe nas mãos e nas casas.
Estes nove «artefactos» e os seus cinco cardernos, não são evidentemente a única selecção possível. Ao longo desta experiencia estimulante, visitamos uma infinidade de oficinas, artífices, artistas e artefactos que também mereceriam destaque nestes cadernos. Cabe ao leitor descobri-los. Uma descoberta que pode tomar muito mais interessante a banalidade por vezes rotineira do mais simples passeio no pais.
Luisa Schmidt

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